Páginas

A Decisão

Em sua casa havia um pote de vidro. E dentro desse pote, várias bolinhas.. 
Essas bolinhas eram lindas, brilhavam e refletiam a luz quando o sol as atingiam.
E tudo ao seu redor era pura luz, deixando tudo lindo!
Mas nem sempre era a luz do sol que entrava pela janela e atingia as bolinhas.
Vez ou outra, o tempo lá fora fechava e nuvens tomavam conta deixando tudo nebuloso e ventos fortes traziam para dentro da casa folhas mortas e junto com a poeira, grudavam nas bolinhas
Ela, corria para fechar as janelas e portas para evitar que tudo ficasse sujo.
Pegava com carinho o pote de bolinas e ia tirando uma a uma e limpando. E depois de limpas, com muito cuidado, ia colocando de volta dentro do pote de vidro. 
Quando o tempo clareava, ela ia abrindo as portas e janelas e deixando o ar puro entrar.
Os dias iam passando e ela continuava fazendo o possível para manter sua casa e o pote limpos. Vez ou outra, revolvia as bolinhas, mudando-as de posição para ter certeza de que todas teriam a oportunidade de receber luz e de que todas estavam limpas. 
Ela sabia que era necessário que as bolinhas estivessem limpas!
Um dia, depois de uma tempestade grande, barulhenta que trouxe muitas impurezas para dentro de sua casa, e consequentemente para dentro do pote de bolinhas, depois de correr para fechar as portas e janelas, depois de tirar todas as bolinhas do pote e limpa-las com carinho e recolocá-las em seu lugar... depois de fazer tudo que podia, se viu exausta!
Certo dia, ela percebeu que algumas bolinhas estavam faltando... o pote estava mais vazio. 
Lembrou que ela não morava sozinha naquela casa, entretanto, na grande maioria das vezes era ela quem cuidava desses afazeres, sozinha. A outra pessoa não gostava do trabalho de limpar a casa e muito menos de limpar as bolinhas, pois realmente dava muito trabalho! Era muito mais fácil tirar as bolinhas e jogá-las fora, na opinião da outra pessoa.
Ela, quando percebeu isso, sentiu-se imensamente triste, pois aquele pote de vidro cheio de bolinhas irradiava luz por toda casa.
Saiu procurando pelas bolinhas que faltavam para tentar recupera-las, para tentar consertar-las. Mas  nem todas ficaram como antes. A maioria estava faltando pequenas partes, com sujeiras já encrustada, outras de fato quebradas.
Seu ânimo em manter tudo arrumado, tudo limpo e as bolinhas com a superfície lisa para refletir a luz foi se esvaindo aos poucos...
Um dia, o mau tempo chegou e ela, sentada em sua cadeira, ali ficou permaneceu, vendo tudo se encobrir de folhas e poeira.
Quando o sol brilhou novamente, ela se levantou calmamente, caminhou até o pote esvaziou-o, deixando todas as bolinhas rolarem pelo chão. Colocou o pote em seu lugar de costume e então caminhou até a porta. Parou, olhou para a casa suja e vizualizou-a limpa novamente e sentiu-se bem. Mas lembrou-se que na maioria das vezes, limpava tudo sozinha e sentiu-se cansada!
O que fazer? Ficar e limpar e tentar novamente ou seguir e deixar tudo que amava para traz?

Vestindo-me para a vida

 Hoje resolvi me vestir pra vida!
Separei meu melhor sorriso,
Demorei para encontrar, mas encontrei
Calcei a força de vontade,
Fazia tempo que não a usava, achei que não fosse mais servir em mim.
Procurei um casaco que eu tinha, bonito, quente, que me dava uma sensação de bem estar...
Estava no fundo do armário, toda amassada, não tinha a beleza que me lembrava.
Mas liguei a determinação na potência alta e dei um jeito. Me vesti com a esperança!!
Escolhi um perfume suave, com odor de boas novas.
Mas estava ainda com frio, apesar de aquecida com a esperança. Percebi que era meu coração que estava gelado, todo rasgado e que os remendos que fiz haviam se soltado.
Eu o peguei com carinho, e coloquei no sol enquanto terminava de me arrumar, para recarregar, reaquecer..
Quando percebi, já estava atrasada e sai correndo para não perder o ônibus que me levaria ao meu destino.
Depois de me acomodar no ônibus, verifiquei que deixei meu estoque de paciência, e na bolsa que trouxe comigo, havia só um pouquinho. Bem, terei de me virar com o que trouxe, e espero que não falte durante o dia!
Percebi, mais tarde, que havia esquecido meu coração em casa, desprotegido, ao sol...
Espero que os ratos do descontentamento, os pombos do rancor, os ventos das adversidades não terminem de destrui-lo... por um breve momento tive medo!
Mas isso já fazem algumas horas e se consegui ficar sem ele até agora, é porque talvez seja melhor assim... 

Amar

Amar não é dizer sempre sim
não é aceitar tudo que nos trazem ou fazem
Amar é saber dizer não
é saber mudar uma situação
é, muitas vezes precisar mudar ...
Amar não é fazer tudo pelo outro,
Seja esse outro quem for,
Amar é muitas vezes deixar
que o outro enfrente a própria dor.
Não é simplesmente abandonar!
É se manter por perto
mesmo sem poder fazer nada...
Deixar que o outro saiba que se precisar
você está ali, de braços abertos
Amar, significa também entender
que a dor é do outro, sim, 
mas que você também vai sofrer.
É cuidar de longe, 
é orar, 
é ... amar
pura e simplesmente.

Sentimentos

Estou cheia de sentimentos desentendidos e 
cansados de conviverem no mesmo espaço. 
Precisam sair e se manifestar, mas a porta é estreita e a ansiedade provocada
pela urgência de serem externados, impedem de se organizarem.
Entre empurrões, quedas e pisoteios, muitos se feriram 
e outros tantos morreram.





Clara Luísa

Seu nome já é um poema e muito tem a dizer
Clara, que significa Brilhante, luminosa
Luísa, que significa Guerreira Gloriosa.
Vem, minha menina, vem completar o amor que existe
Vem deixar bater forte o coração que já sofreu
Vem ser amor, intensificar a cura, da dor que amadureceu
e assim, transformar em aconchego o colo cansado por chorar
Siga sempre junto ao amor por essa estrada
que pode ser longa, nem sempre fácil, 
mas não tenha dúvida, Clara, será sempre amada 

Essência

"Ao término do dia
chegava em casa e então, só então passava a existir
Deixava num canto a roupa usada, os sapatos ao lado
e abria o chuveiro
A água corria por todo o corpo
lavando não só a carne, mas a alma
Nessa hora seus pensamentos falavam
A toalha que deslisava na pele molhada
sugava as gotas da água do banho
Seus pensamentos, às vezes gritavam
Tinham a intensão de serem ouvidos!
Nem sempre conseguiam...
O coração já não batia mais
- estava cansado de apanhar -
seguia no seu dum dum rítmico, uníssono
Sentia que no interior da residência,
na proteção das paredes sem vida
Poderia seguir vivendo
apenas viver, sem surpresas
A liberdade de não precisar falar,
de não precisar sorrir, de poder chorar
- se quisesse -
de dançar ou rodopiar ao som do silêncio
Isso fazia parte de sua existência mais verdadeira
Ali, não tinha medo, podia ser, apenas
Mas então, cabeça apoiada no travesseiro,
escuridão propicia para dormir
às vezes, só às vezes, sentia medo
De terminar sua vida, como era vivida
no mundo lá fora
Tendo como companhia apenas a solidão."

Poeminha para mim, para a família, para amigos e amores


Hoje, quero me despir de todo orgulho, de todo ego.
Quero de fato enxergar quem sou e do sou capaz.
Quero deixar no passado o que não acrescenta no meu presente.
Os planos que fiz e não se concretizaram já não importam mais, não sou a mesma pessoa que os fez.
Farei novos planos, sonharei novos sonhos e se novamente não der certo, não tem problema!!
A cada amanhecer haverá novas oportunidades de melhorar. Não só pelo outro, mas por mim principalmente!
Hoje, quero deixar que a criança que habita em mim venha a tona para brincar com a adulta que tomou conta da minha vida e que a deixou pesada e enfadonha.
Nossos dias são lampejos que num piscar de olhos se esvanece. Quero vivê-los da forma mais prazerosa e benéfica que puder...
Hoje, quero me despir do egoísmo, mas não abrirei mão da auto-estima.
Se eu puder ir até você, irei e juntos caminharemos até onde for possível.
Se quiser ficar comigo, venha e caminhe junto a mim. Aprenderemos o que pudermos e viveremos felizes para sempre, até que o para sempre se acabe e um novo dia se apresente ...


Adormencendo

Sentada aqui, conversando com você... Silêncios que chegam entre uma frase e outra...
Uma letargia suave se apodera de mim e agora sinto aos poucos que meus olhos começam a fechar...
Ouço uma voz ao longe mas não entendo o que diz, só percebo a suavidade melodiosa do som.
Penso: será você?
Ou será que eu, já imersa em sonhos me deixo levar pela alegria da sua amizade...?
Pessoas e Retalhos | Todos os direitos reservados ©