Páginas

Nas pontas dos dedos

Sinto que aos poucos as mãos, que até então estavam unidas, estão se soltando.
Eram fortes e formavam um elo seguro.
Sabia que, não importava o quanto demorasse, assim que nossos olhos se cruzassem, estaríamos com as mãos unidas novamente!
Sabia, sei, que era apenas um símbolo, que o elo mesmo era mais que as mãos, era muito mais, ia além do físico. Entretanto, o contato sempre foi essencial, ao menos para mim.
Sempre nos comunicamos por olhares, creio até que por pensamento e sempre rimos dessa ligação, não de gozação, mas por ela existir.
Porém, o tempo é, muitas vezes, cruel e mostra rumos diferentes... e seduz, e instiga a novas conquistas.
Sim, eu sei, isso é bom, é o movimento que nos leva adiante e que não nos deixa estacionados no marasmo da comodidade.
Ah! Sim, as mãos... aos poucos não as sinto mais. Muitas vezes me vejo escorando pelas paredes tentando achar o conforto do conhecido, da presença. E, apesar de estar presente, não está mais... ou quase.
A vida é realmente bela e deve ser saboreada com todos os sentidos e os interesses já não estão assim tão interessantes.
Reciclar?
Sinto que caminhamos para o ponto onde nossas mãos já não se tocarão mais e apesar do elo que nos une ser forte para nos manter próximos ele ....
... suas mãos se desprendem da minha.


Nenhum comentário

Postar um comentário

Pessoas e Retalhos | Todos os direitos reservados ©